A prisão de Bradley Manning e Obama

A Folha.Com traz um interessante artigo de Ivan Lessa, colunista da BBC Brasil. Nele, ele relata a prisão de Bradley Manning, responsável por passar um vídeo em que oito crianças iraquianas são mortas pelo Exército dos Estados Unidos para o Wikilieaks, e faz uma ligação com Barack Obama. Vale a leitura do artigo, com o título A prisão de Bradley Manning. Destaco um trecho, sobre o tratamento que recebe:

O soldado americano Bradley Manning, detido em Quantico, onde está situado também o FBI, sem julgamento ou condenação, não tem permissão para se exercitar em sua cela durante o dia. Não tem o direito à posse de coisa alguma.

É proibido de conversar com os guardas seus carcereiros. A cada cinco minutos, é obrigado a responder se se encontra bem e em forma. Se voltar a face para a parede durante o sono é prontamente acordado.

Bradley Manning, que, incrivelmente, ainda mantém um senso de humor, apontou para o fato de que ele poderia, se quisesse, se injuriar com suas cuecas, no que estas foram de imediato retiradas.

Só lhe são permitidas, por uns poucos minutos, visitas aos sábados e domingos. O resto da semana são 23 horas por dia de cela. Recebe ainda uma dose diária de antidepressivos.

Uma pergunta minha: Seria esse um país que cumpre os direitos humanos?

Duas perguntas sobre o Aeroporto de Caxias

Esta segunda-feira foi movimentada em Caxias do Sul. O governador Tarso Genro falou aos empresários, ouviu demandas (como sempre) e prometeu que a decisão sobre o novo aeroporto sai em 60 dias. Ou será em Vila Oliva, como alguns querem, ou em Monte Mérico, como outros querem. Esse “alguns” e “outros” andaram se estranhando na semana passada.

Sobre o tema, tenho duas perguntas:

1) A localização vai levar em conta a condição de aeroporto regional?

2) A localização vai levar em conta a questão climática?

Basta responder só uma das questões para conhecer o local no novo campo de pouso, que, espera-se, seja um aeroporto de fato.

Será que a ditadura do Iêmen resiste?

Obviamente, Hillary Clionton sonhava que, após a queda de dois amigos (os tiranos da Tunísia e Egito), era hora de cair um inimigo, no casa Muammar Gaddafi. Mas, pelo visto, o ditador do Iêmen é o próximo da fila. Depois da violência repressão na semana passada, com inúmeras mortes, generais do exército resolveram se juntar aos manifestantes, enquanto políticos abandonam o governo.

O pedido para Ali Abdullah Saleh, há 32 anos no poder, não vem mais meramente das ruais. Políticos, inclusive ex-aliados, estão pedindo para o ditador renunciar e abrir caminho para a democracia no país. Embaixadores, empresários e até diretores de jornais, todos controlados pelo Estado, retiraram o seu apoio do tirano (leia aqui).

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Já o Egito aprovou a reforma na Constituição, que permite agora, apenas uma reeleição (ou dois mandatos de quatro anos). É um avanço, mas apenas isso não garante a democracia. A democracia é processo, que preciso ser constantemente aperfeiçoado e, embora o capitalismo a restrinja a eleições, não se limita apenas a votar.

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Já no caso da Líbia, em guerra, a verdade vai indo pro brejo. Um general afirmou que Gaddafi não é um alvo, embora estejam mirando em prédios onde o tirano possa estar. Quer dizer o que erraram o alvo?

Há um outro Abu-Ghraib para emergir

Alguém se lembra de Abu-Ghraib? Era uma prisão do regime de Saddan Hussein, onde presos eram torturados. A prática continuou os Estados Unidos, que torturaram vários iraquianos no local, cujas imagens chocaram o mundo. A prisão transformou-se no símbolo da hipocrisia norte-americana (veja aqui).

Há outro caso, um pouco diferente, que está prestes a emergir, desta vez no Afeganistão. O caso é o seguinte: uma espécie de esquadrão da morte do exército americano atuava no país, matando civis ou talibãs e fazia questão de posar para fotos após os assassinatos. Alguns deles estão para serem julgados, nos Estados Unidos, com o risco de pegarem a pena de morte, mas a história nunca foi investigada a fundo pela mídia.

The Spiegel, da Alemanha, resolveu olhar mais profundamente para a história. Descobriu uma série de fotos – cerca de 400 -, mas vai publicar apenas três imagens. Além disso, apurou que os soldados mutilavam os corpos e, por vezes, mantinham partes como troféus.

A história deve estar na próxima edição da revista alemã, conhecida por seus textos longos e aprofundados. A notícia já fez o exército norte-americano se preparar para uma possível onde de protestos por parte dos afegãos. Veja texto sobre o assunto aqui.