Será que a ditadura do Iêmen resiste?

Obviamente, Hillary Clionton sonhava que, após a queda de dois amigos (os tiranos da Tunísia e Egito), era hora de cair um inimigo, no casa Muammar Gaddafi. Mas, pelo visto, o ditador do Iêmen é o próximo da fila. Depois da violência repressão na semana passada, com inúmeras mortes, generais do exército resolveram se juntar aos manifestantes, enquanto políticos abandonam o governo.

O pedido para Ali Abdullah Saleh, há 32 anos no poder, não vem mais meramente das ruais. Políticos, inclusive ex-aliados, estão pedindo para o ditador renunciar e abrir caminho para a democracia no país. Embaixadores, empresários e até diretores de jornais, todos controlados pelo Estado, retiraram o seu apoio do tirano (leia aqui).

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Já o Egito aprovou a reforma na Constituição, que permite agora, apenas uma reeleição (ou dois mandatos de quatro anos). É um avanço, mas apenas isso não garante a democracia. A democracia é processo, que preciso ser constantemente aperfeiçoado e, embora o capitalismo a restrinja a eleições, não se limita apenas a votar.

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Já no caso da Líbia, em guerra, a verdade vai indo pro brejo. Um general afirmou que Gaddafi não é um alvo, embora estejam mirando em prédios onde o tirano possa estar. Quer dizer o que erraram o alvo?

Enquanto vê a Líbia, o Ocidente ignora o Iêmen

Contra Gaddafi, Estados Unidos, Inglaterra e França cruzaram esforços e devem começar, nas próximas horas, os ataques aéreos para tentar enfraquecer as forças leais ao ditador. O objetivo, embora tenham falado em proteger civis, é outro: derrubar Gaddafi, por meio de uma guerra civil, e ter acesso ao petróleo líbio.

É interessante que o roteiro é sempre o mesmo: primeiro, esses países pedem o cessar-fogo; quando é aceito, falam que não é o suficiente, como mostram as declarações de Hillary Clinton no New York Times (leia aqui).

Enquanto isso, a violência explode no Iêmen, cujo ditador é um longo aliado dos Estados Unidos e do Ocidente. Nesta sexta-feira, pelo menos 40 manifestantes foram mortos pela polícia, diz o NY Times.  O UOL reporta 42 mortes, mas resolveu destacar o estado de emergência decretado pelo governo do país (leia aqui) e fez questão de chamar o tirano do país de “presidente”.

Mais mortos em protestos no Iêmen

A revolução árabe segue em andamento. Enquanto a Líbia está em um estado de  guerra civil, com Gaddafi em uma feroz campanha para retomar o controle do país, o Iêmen teve um sábado com protestos e uma violenta repressão por parte das forças de segurança do tirano que comanda o país há 32 anos. Ao menos quatro pessoas morreram, segundo matéria do The Guardian (leia aqui).

Já na Arábia Saudita, o esperado protesto de sexta-feira não saiu. As principais cidades do país amanheceram repletas de políticias e de agentes de segurança para evitar que as pessoas se manifestassem contra o tirano saudita. Um texto do The Guardian sugere que, além do policiamento, há um medo de que os radicais se aproveitem da situação (leia aqui). Faz sentido: a Arábia Saudita, grande aliado dos Estados Unidos, é o país que mais exporta radicais para lutar contra os norte-americanos.

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Para entender um pouco melhor a revolta árabe, há um texto no site da Carta Maior, abordando o colapso da velha ordem do petróleo. Leitura interessante. Acesse aqui.

Confrontos na Líbia, repressão no Iêmen

Enquanto as forças leais a Gaddafi promovem uma ofensiva para retomar cidades em poder dos rebeldes, o governo do Iêmen reprime, com violência, os protestos pedindo mas democracia no país.  A repressão 98 estudantes, conforme The Guardian (leia aqui); ou mais de 50, segundo texto reproduzido da agência Reuters pela Folha.com.

Nos dois casos, o fim está distante. Na Líbia, com os Estados Unidos buscando armar os rebeldes e aprovar uma exclusão aérea, o conflito tende a se ampliar. Gaddafi vai ganhar terreno com as medidas? Os rebeldes, em busca de apoio, vão virar marionetes do Ocidente?

No Iêmen, os protestos tendem a esquentar.

Mas a grande questão está na Arábia Saudita. O governo saudita, um dos aliados dos Estados Unidos, baniu qualquer manifestação para tentar evitar um protesto chamado para a próxima sexta-feira.