Uma das formas de medir o grau de avanço de um país – não a única, é claro – e avaliar a diferença entre os salários mais altos e baixos no serviço público. Quanto maior a diferença entre o que ganhar menos e mais, pior; quanto menor, melhor. O Brasil, neste item, está no primeiro grupo, em que a diferença é colossal; e há possibilidade de ficar ainda pior.
Hoje o teto no serviço público é de R$ 26,7 mil, salário que recebem a presidente, ministros, juízes, senadores, deputados, enquanto que o valor mínimo deve ser o do salário mínimo (R$ 540). Ou seja, a turma do andar de cima ganha 49 salários mínimos – dois anos de um salário do sujeito que menos recebe.
O andar de cima pode até gritar que tem um desconto maior do Imposto de Renda, mas é preciso lembrar que presidente, ministros, juízes, senadores e deputados têm verbas de ajuda de custo, ganham passagens e se beneficiam de outras regalias – se o deputado não aparece um dia não tem o salário descontado, enquanto o cara do cafezinho não tem a mesma sorte.
Tudo pode piorar, já que os juízes querem um aumento, de R$ 26,7 mil para R$ 32 mil, como indica esse texto reproduzido no Blog do Nassif (leia aqui). O aumento depende do Congresso, mas sabe-se que os juízes do andar de cima têm poder de persuassão maior do que os barnabés.