Os vetos às resoluções da ONU

É, sob certos aspectos, imoral que alguns países tenham o poder de veto no Conselho de Segurança da ONU para defender os seus interesses (embora também seja errado usar a ONU para impôr decisões que favorecem interesses). Mas é o que acontece, num sinal de que a ONU, apesar dos esforços de alguns órgãos, ajuda na imposição dessa lógica injusta que domina o planeta.

Agora, a Rússia e a China estão no centro de uma polêmica, ao vetarem a resolução que visava acabar com a violência da Síria. Os russos têm interesses lá (não querem perder a influência), assim com os norte-americanos (querem ampliar a sua influência). E depois que o Ocidente fez na Líbia – em que foi muito além do que dizia a resolução usada para bombardear o país – qualquer acordo parece muito distante.

Mas, ao longo da história, o uso do veto tem sido recorrente. Um levantamento, disponível no blog do Nassif, mostra com os Estados Unidos usaram o poder de veto para beneficiar o regime do Apartheid, na África do Sul, e para deixar imunes as constantes violações de Israel contra os palestinos e as invasões do Líbano e Síria. E também para empreender suas guerrinhas na América Central, sempre acompanhadas de grandes violações de direitos humanos. (A lista é inglês, mas é impressionante com aparecem os termos Apartheid, South Africa e Israel.)

Pouco adianta criticar os russos agora, nem defender uma resolução que será utilizada para defender interesses do Ocidente (e não para defender civis sírios, como alguns parecem fazer crer). É preciso rever esse conceito de veto dos cinco maiores vendedores de armas do mundo (EUA, Inglaterra, França, Rússia e China) – e portanto patrocinadores de conflitos.

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Aliás, quem patrocina e vende armas, não tem moral para falar em paz.